RELATO DE PARTO - THAMIRIS E LILA
Eu já havia estado grávida porem foi uma gravidez atípica por eu estar com o DIU e infelizmente nas minhas 23 semanas eu perdi o neném pois o DIU havia rompido a bolsa e eu comecei a ter uma infecção. Nessa trilha eu conheci a minha ginecologista (não a mesma que me colocou o DIU), super fofa e não mediu esforços para tentar segurar o bebê, me ajudou em toda a recuperação tanto física quanto emocional, porém nada a recupera de uma curetagem em uma sala cirúrgica sozinha com um bebe que não sobreviveu.
Pronto, perdi um bebê, mas com 24 anos decidi que esse trauma não iria me impedir, queria ser mãe! Conversei com meu namorado, paramos de usar camisinha e anticoncepcional, dois meses depois, eu morando com meus pais, em um emprego com um chefe horrível que recém tinha começado, começando um novo curso na faculdade estava gravida. Notícia que veio no aniversário de 26 anos do futuro papai.
Na gestação foi um vai e volta de emoções, mas nada me tirava da cabeça parir. Algo que parece tão natural né ?! NÃÃÃÃO essa é a resposta para todas as pessoas sem noção que ficam a sua volta. Sempre alguém com aquela pergunta: Já decidiu se vai querer Cesária? Ou aquele comentário: Ah, corta e acaba logo com isso.
To rindo aqui pensando, esses dias vi um comercial da UNICEF dizendo para aguardar o tempo da espera para enfim parir e me lembro da minha querida enfermeira Vivi (coitada, sofreu comigo!)
Bom...com 34 semanas fui fazer uma ultra (coisa que fazia de 2 em 2 semanas porque a medica fofa era SUPER CONTROLADORA) e então a medica da ultra disse que eu estava com o líquido amniótico meio alto. FIQUEI LOUCA! Pensei: Pronto, minha medica vai ter um prato cheio, é Cesária e acabou! Afinal de contas, toda consulta aquele assunto básico da recepcionista falando que a dor É INSUPORTAVEL AO PONTO DA MORTE ou então a medica com o discurso, se estiver TUDO BEM a gente VÊ se faz o parto normal.
Mas então eu e minha procura sem fim me levou a enfermeira Juliana, simpática, disse que era pra eu me acalmar, refazer os exames em outro local, me orientou, me acalmou. Falou com o seu grupo do poder que são essas meninas e então com os exames dizendo que eu era o risco habitual e não havia nada de errado com meu líquido amniótico me fizeram delas uma futura mãe de verdade.
Nas consultas era para além de examinar, me informar, me orientar, me conhecer, me decifrar para que pudessem fazer da melhor maneira possível PRA MIM e pra minha bebê. Nossa, nada me deixou mais encantada do que isso, então estudei, tirei minhas dúvidas com elas e o tempo passou e eu controladora como sempre querendo parir logo, 40 semanas e nada. Eu muito mística acreditando na lua, estava sempre calculando as luas e suas trocas com a enfermeira Meriene que sempre comentava no nosso grupinho sobre minhas ideias místicas e a possibilidade da minha neném nascer. Eu pensando que seria na lua Minguante, nada! Foi parto de Lua Nova (dizem que é a pior).
Então dia 27 de janeiro mudou a lua e eu comecei a sentir as contrações as 16 horas da tarde de uma sexta-feira depois de chegar do mercado. Avisei as meninas e a doula Paulinha querida que também ficou nessa empreitada comigo. Dores, dores mas nada substancial para as enfermeiras de fato virem me ajudar a parir, não dormi e as 10 horas da manhã de sábado já estava morta de cansaço! Então a minha doula maravilhosa que chegou já fazendo massagem, muita conversa e assim começou a sair o tampão mucoso. Avisei as meninas e quem vem me ajudar?! Enfermeira Vivi e suas aroma terapias MARAVILHOSAS.
Estava sem dormir, sem comer (porque não conseguia), de lá pra cá sem conseguir achar uma posição confortável, o menos pior era ficar na bola e cada vez que olhava para a vivi ela me dizia algo do tipo: relaxa, esquece ou então me mandava parar de querer controlar e eu com aquela cara de – VOU MATAR VOCÊ. Foi aroma terapia, massagem, conversas e nada só uma dor do cão. Então a vivi percebeu que a cabeça do neném estava para a bacia e não encaixada, ela fez a técnica do rebozo para tentar ajeitar a neném, fez massagem para diminuir as dores e como não funcionou (eu muito cheia de dor querendo matar a Vivi) fez uma massagem com óleos essenciais para aumentar as contrações e eu de fato parir. Nossa mas como agilizou, na hora que ela me tocava eu queria matar ela mas de fato, como agilizou! 23 horas da noite Viviane foi embora e chegou a Juliana que já devia saber que eu estava um cão querendo controlar tudo, ela chegou me olhou e disse: estou aqui para ver você parir, pode até esquecer que eu estou aqui enquanto isso.
Eu desesperada, queria um remédio, perguntei como seria para ir para um hospital para tomar remédio, acabar com aquela dor, enlouquecida liguei para TODAS AS FARMACIAS DA VIDA e nenhuma entregava. Então falei com a Juliana e ela disse: Thamiris sente seu corpo, o que você tiver vontade, faz! Olhei para ela e disse: eu quero empurrar, quero parir. Ela falou para eu tomar um banho, fiquei uns 30 minutos na bola no chuveiro sai e disse: eu quero empurrar, quero parir. Então ela me ofereceu e fez um toque, falou: Thamiris, sua bolsa estourou, você já está com 10 cm de dilatação. Agora é com você. Ligou para Bruninha e Meriene e nem vi o tempo passar e ambas já estavam lá.
Fazia força, a bebê vinha e voltava. Perguntei sobre posições, sobre o andamento do trabalho de parto, elas me orientando, me acalmando, me fortalecendo para parir e então dava vontade e eu fazia força, não queria saber de dor. Uma hora me lembro bem perguntei: ela não vai sair ?! Meriene respondeu: Na hora que sair a cabeça ela não volta mais, relaxa. Nossa, poucos empurrões depois, saiu a cabeça e eu pensei: É agora, ela vai sair. Uns empurrões e ela de fato saiu, não havia barulho, não havia luz (somente a lanterna da Juliana), não houve pressa. Ela veio direto pro meu colo, chorou e Meriene me mostrou como fazer a pega certa para ela mamar. Bruna, Meriene e Juliana sempre em atenção comigo e com a minha placenta que assim que saiu, eu tomei um suco, Meriene me levou para tomar banho enquanto o papai ficou com o bebê, Juliana terminou de ver os papeis e Bruna ajeitou as coisas e assim estava aqui, Lila. Desejada, amada e esperada conforme o tempo dela. No tempo que ela quis, dia 29 de Janeiro as 4:53 da manhã em um parto domiciliar para assustar os vizinhos e me empoderar que aos 24 anos tive uma equipe ótima de Enfermeiras Obstetras que me acompanharam, no meu lar, no meu momento mais difícil até então de parir uma outra vida de forma respeitosa e segura.
Obrigada por tudo.