RELATO DE PARTO - MARIA CLARA E GUSTAVO 1
Oi, vou fazer uma introdução para vocês entenderem um pouco do que vivi até aqui. Ps: alerta de textão, se quiserem, podem pular para parto do relato msm!
Eu, mesmo só tendo 22 anos, já tentava engravidar a um tempo, ainda mais depois de ouvir de médicos que por eu ter endometriose e adenomiose eu não conseguiria engravidar (até hoje não sei se realmente tenho isso).
Em janeiro, viajei para Fátima, em Portugal e pedi muito para que se fosse da vontade de Deus eu tivesse meu bebê e acreditei fielmente nisso, pus nas mãos nele.
Minha última menstruação antes de engravidar foi no mês seguinte, mais precisamente dia 23/02 e algo em mim dizia que eu estaria grávida e realmente ali começou a se formar o amor da minha vida, a minha filha Aurora.
Como deram para notar, eu passei a questionar muito os médicos e nas "verdades absolutas", mas acabei me aproximando muito de uma médica super gente boa cmg q teve toda uma paciência para lidar com meus medos de mãe de primeira viagem e me senti totalmente segura com ela, mas ela estaria de férias bem longe do Brasil durante todo o mês de novembro e fiquei com medo da minha filha querer nascer antes dela voltar, então comecei a pesquisar sobre parto domiciliar planejado, já que eu me sentia muito mais segura estando em casa com alguém que já me conhecesse. Eu não tinha medo da dor, nunca tive durante a gravidez, eu tinha medo de mentirem pra mim e eu não ter poder nenhum de argumentação, querem me levar para uma cesária atoa, fazerem uma episio, me separarem da minha filha, ter que ficar deitada na cama naquela posição horrorosa quando ela fosse nascer e não estar bem com isso, etc etc.
Pesquisei muito, fui a vários encontros de gestante, convenci meu marido e fomos atrás da equipe. Acabamos nos identificando mais com a Sifrá Parteria depois de altas conversas com a Isabella ainda no começo da gestação. Eu perturbava ela, muito, e ela sempre foi um doce comigo, mesmo antes de estar tudo assinado e tals. Um anjo. Eu falei que era RH negativo e que não queria ter que ir para o hospital só para tomar o Rhogam (na minha cabeça minha filha seria positivo e eu estava certa kkk) e demos um jeito e tomei em casa mesmo no dia seguinte ao parto.
Não contamos para nossas famílias, já que venho de uma cultura cesarista eletiva, só a minha avó teve parto normal (4 partos a jato, diga-se de passagem kk), mas ela não estava mais aqui para interceder por mim ao contar para família. Então só contamos depois que nasceu.
Segui com o pré-natal em casa com elas e com a minha médica no HCA (hospital militar que trabalho). Tive medo de contar para ela que não pretendia ir para o hospital, mas ela reagiu super bem, disse que eu era doida kk, mas que podia contar com ela para o que precisasse e queria saber detalhes depois, a Mari é d+!
Tive pródromos várias vezes, contrações ritmadas de 3 em 3 minutos até, mas no fim das contas não era a hora, eu tava agoniada, ouvi tanto que ela não aguentaria segura-la até as 36 semanas e já eram quase 39 e ela não nascia kkkkk mas eu iria esperar até terminar as 42, era o combinado, torcia para ela vir antes disso, mas no tempo dela e não antes pela minha ansiedade.
Tive dificuldades para contar as contrações também, eu sentia a dor começando na parte de baixo das costas e indo para frente na parte superior da barriga empurrando para baixo, mas sentia a barriga parecida com uma testa o tempo td, enfim... Foi difícil, mas sempre a minha equipe de parto domiciliar e a minha médica mesmo de longe me apoiava e dizia que eu iria saber quando chegasse a hora e tentavam me ajudar a identificar as contrações.
Meu tampão saiu, se regenerou, saiu de novo e nada de Aurora kkk.
Nas últimas semanas eu fiquei doida querendo fazer amor com o meu marido, até para falar a verdade poucos segundos antes da bolsa estourar (se não fosse pela exame de urina que eu iria fazer no dia seguinte que me impediu de fazer qualquer coisa, talvez a bolsa teria estourado nele kkkk).
O relato em si:
Dia 24/11 tive consulta com a Isa e ela me passou alguns exames para descartar pré eclampsia, porque minha pressão que sempre foi a 10/6, no dia anterior chegou a 13/8, mas me tranquilizou, que poderia ser por conta do calor e tals que tinha subido no dia anterior, porque agora já estava normal de novo, mas que era melhor fazermos os exames para nossa segurança, eu concordei e já marquei de fazer na segunda, dia 26/11. Ela, Jemima, Meriene, Carol, Ana Kacurin, Vivi, as aprendizes, a minha melhor amiga Gabi (que ia as consultas e que participou do parto comigo) enfim... Todo mundo tava preocupado comigo, mas viram que eu fiquei bem. Sou muito grata a todas. Isa me aconselhou a sair com meu marido Guuh, espairecer, namorar, tentar parar de pensar no parto e nos "e se"s. Fomos para um restaurante mexicano, comi guacamole e nachos com um molho picante kk, voltei para casa e continuei com os pródromos, nada diferente do que ja sentia a semanas, eu estava esperando vir "a dor". Kk
No dia 25/11 fomos tentar andar de bike, mas acabamos desistindo e acabamos tomando conta da priminha de um ano do meu marido. Ela só queria saber do meu colo, da minha barriga e as contrações aumentaram, mas nada que me alarmasse, mais pródromos. Eu ainda brinquei dizendo que a Aurora queria conhecer a prima para brincar com ela. Kk
Fomos para casa, tomei banho quente, tomei chá de camomila e as contrações nada ritmadas pararam, igual nas vezes anteriores. Vi que não seria naquele dia e decidi dormir.
Eram por volta de 23:28, eu virei pr o lado na cama e ouvi um plock e um pouco de água escorrer. Eu falei pr o meu marido "a bolsa estourou", e logo em seguida jorrou muita água quente. Meu marido ficou a cara da felicidade, ele havia "apostado" que ela nasceria dia 26/11 e agora havia grandes chances de ser verdade kkk. Ele avisou a equipe, eu fui pr o banheiro calma e serena (isso só durou 2min, depois a coisa começou a ficar séria kk).
Na água comecei a sentir uma contração atrás da outra e doía muito! Senti também muita dor de barriga, literalmente lavei meu intestino. A cada contração eu sentia vontade de ir ao banheiro (por mais que minha cabeça dissesse que o parto poderia demorar 48h, eu tinha medo de ficar no vaso e minha filha "cair", sim, eu tava nesse nível de sanidade mental kk).
Eu comecei a vocalizar, gemer de dor a cada contração que vinha de 2 em 2 min. Meu marido ficou a todo momento falando com a equipe e com minha amiga. Eu dizia q doía mt, mas que deveria demorar ainda, podiam ficar em casa, graças a Deus não deram ouvidos a mim e às 2h da manhã a Isa e a minha amiga Gabi chegaram. Eu não queria fzr td mundo sair de ksa de madrugada e ser mais pródromos.
Até elas chegarem eu ria no intervalo de cada contração "Aurora ta vindo, minha filhinha ta vindo, o amor da minha vida ta chegando".
Avisei a minha irmã que a bolsa tinha rompido, porque ela era responsável por manter meus pais bem longe da minha casa, já que eles não sabiam dos planos de não ir para o hospital.
Comecei a pensar "não to gostando dessa brincadeira não, ta doendo mt e estou só a 2h nisso, imagina depois".
Meu marido logo que a bolsa rompeu resolveu encher a piscina, graças a Deus, arrumar a casa, fazer chá, me fazer comer gelatina, tomar água, Gatorade, etc. Gabi me ajudava a contar as contrações, Isa me ajudava a respirar, ouvia o coraçãozinho, aferia minha pressão, me tranquilizava, deixava o ambiente mais escurinho, calmo, quente, respeitava meu tempo, me apoiava que eu ouvisse minha playlist que fiz para o parto.
Das 2h as 4h, lembro de odiar deitar na cama e dar graças a Deus não precisar parir deitada. Aquilo não é do bem nem durante contração kk, lembro de rebolar na bola, cantar, vocalizar, rir, conversar sobre Clube das Winks (a Gabi colocou no Netflix), desistir de tentar entender algo da série Pais de Primeira, já que em cada contração eu ia na lua e voltava. Pedi para ficar sozinha, pedi para me darem a mão, um abraço, agradecia por eles estarem ali comigo, tentei ficar de 4 abraçada na bola mas, quando a contratação veio, eu a soquei tanto que não sei como não furou, caminhei pela casa, tentei ficar debaixo d'água com a bola de pilates e quase zuni ela dalí. Recebi massagens da Isa e isso ajudava bastante. Eu sentia vontade de empurrar, entrei na piscina quando a água ainda não estava quente, tentei rezar o terço, mas eu não conseguia me concentrar. Comecei a berrar, me esgoelar como achei que nunca faria. Senti queimar la embaixo. A essa altura a Isa já tinha avisado para fotógrafa Ana vir correndo kk.
Eu gritava "tá ardendo!!!!!", "Ela tá vindo, não tá?", "Está perto do círculo de fogo". Isa estava serena colocando a luva e eu percebi que a coisa tava ficando séria, ela não tava de luva até então. Acho que meu momento de maior insanidade foi expulsar meu marido quando ele queria entrar na piscina e chamá-lo uma contração depois, gritar "alguém me dá a mão, eu vou rasgar essa piscina com a força que to fazendo", "Gabrielle filma essa drogaa", "quem foi que disse que essa era a hora mais fácil, dói muuuuuuito". Pensando bem, eles três tiveram que ter muito saco para não quererem me tacar da janela kk.
Depois daí, a Isa pediu para Gabi colocar a playlist de novo, Guuh começou a cantar as músicas católicas que estavam tocando e que se encaixaram perfeitamente no que eu sentia. Ele me dizia que eu ia conseguir, que havia lutado muito por aquilo, que Aurora tava chegando.
Eu colocava a mão mas não sentia ela, até que finalmente eu senti e gritei "ela é cabeluda", comecei a chorar, a rir entre uma contração e outra. A vi pelo espelho, mais emoção. Logo chegou a Ana, pouco antes da minha filha sair toda, mas não deu tempo de registrar o nascimento com a câmera. Depois saiu a cabeça e minha filha foi girando sozinha, se acomodando para vir ao mundo e como no grito mais libertador da minha vida, às 5:13 ela veio e eu a amparei, fui a primeira a pegá-la. Chorei, chorei muito enquanto ria e fazia carinho na minha pequena. Eu tremia, era muita emoção junta, muito amor envolvido, tudo aquilo pelo qual passei havia valido a pena e eu sem dúvida nenhuma faria tudo novamente para ter minha filha alí comigo. Ficamos alí juntinhas, meu marido também. Ela mamou super bem logo depois que nasceu, teve a pega correta, graças a Deus. Não chorou logo que nasceu, mas um pouquinho depois. Ficamos alí naquele momento ternura por quase uma hora, que foi quando Carol chegou e achou melhor irmos para fora da água, porque não estava muito quente para a Aurora e continuamos juntinhas até a placenta sair.
Todos foram uns doces comigo e com minha filha, nos trataram melhor impossível, respeitaram todo meu plano de parto. Me ajudaram, eu pedi ajuda, eu estava com um pouco de medo e perdida, ela era tão pequenininha...
A placenta tava quase solta, só uma partezinha grudada, achamos melhor ir para banqueta e pouco depois ela saiu, achei essa sensação estranha kk.
Meu marido pegou nossa filha, fizeram a ft dela com a placenta e foram me avaliar se havia alguma laceração, hemorragia e tals, mas para minha felicidade só tive laceração grau 1 superficial na pele e não precisei de ponto. Comparamos o antes e o depois e para mim estava ok. Não precisei tomar ocitocina para conter hemorragia.
Guuh cortou o cordão umbilical, Aurora foi pesada e medida e foi para o colo do papai para eu tomar banho. Isa foi comigo enquanto todo mundo ficou cm minha filha e Gabi fazia o carimbo com a placenta.
Tomei banho, fiquei com minha filha, recebi orientações, todo mundo desmontou a piscina e tals e depois fizemos surpresa para nossa família que ficou surpresa quando viram minha filha alí conosco, mas que acabaram aceitando e paparicando minha princesinha (quase todos).
Foi esse o meu relato, espero ter conseguido passar um pouco do que vivi. Agradeço muito a Deus e a todos que estiveram envolvidos com o meu parto, porque foram incríveis e tornaram esse momento único para mim!